Simplifique-se
50 Years of the Mini, Goodwood Revival 2009

Outro dia eu estava voltando do mercado quando, em meio a um pequeno caos, percebi algo importantíssimo sobre mim: eu mesma me prejudico. Isso mesmo! Tenho a mania de tornar certas coisas mais difíceis.

Neste dia se tratava apenas das compras. A cena aconteceu no estacionamento do prédio onde moro. Fui tirar as sacolas do carro e, só quando estava com as mãos bem recheadas, fui abrir a porta para tirar meu filho. Larga tudo, pega a criança, pega tudo de novo. Chegamos à porta que dá acesso ao interior do prédio, quando me dei conta de que a chave estava na minha bolsa.

Controla o filho, larga tudo de novo, cata a chave (e não a encontra), volta para o carro (ainda de olho no filho), acha a chave, abre a porta, pega tudo de novo, chama o filho e entra no elevador. Repete tudo na porta do apartamento.

Cheguei em casa exausta e estressada, até com certa raiva de mim mesma. Teria sido tão mais fácil separar a chave, pegar o filho e buscar o carrinho de mercado que temos disponível no prédio para subir com as compras… Eu só teria que descer de elevador novamente para devolver o carrinho, mas teria valido a pena.

Naquela noite, comecei a refletir e notei que em vários momentos do meu dia, acabo dificultando algumas ações, simplesmente por agir sem planejar. Não foram poucas as discussões que tive com meu marido pelo simples fato de que vivo perdendo minhas chaves. Eu acabo encontrando em meio ao desespero, mas isso não faz bem.

E não precisaria acontecer se eu me habituasse a escolher um lugar para ela. E a chave é apenas um exemplo das mil coisas que eu acabo “perdendo” por me autossabotar. Assim, perco tempo (a maior preciosidade dos dias de hoje) procurando as coisas de que preciso. Isso sem falar no que acontece comigo em dia de chuva… Não sei se é pior sair do carro com ou sem sombrinha, só para ilustrar um pouco.

É tão difícil assumir e dividir essa ( como vou dizer… ) característica minha com os leitores… Porém, foi tão valioso aquele momento em que percebi o que estava acontecendo, que preciso compartilhar. Sempre me defini como uma pessoa “atrapalhada” porque é um jeito até bonitinho de aceitar a situação.

Mas, agora, ao invés de me conformar, vou tentar fazer algumas coisas de outro modo para ganhar ainda mais qualidade de vida. Sendo assim, vou me atrever a dar alguns conselhos, mas que fique bem claro: neste caso, faça o que eu digo, não o que eu faço! Prometo também tentar fazer o que eu digo daqui pra frente.

1) Não faça sua vida andar de ré. Descomplique. Facilite. Simplifique. Colabore consigo mesmo. Se não for você, quem fará isso por sua vida? Permita-se o prazer de desfrutar de dias mais tranquilos. Às vezes, pequenas atitudes conseguem transformar o dia.

2) Existem várias formas de encarar a mesma situação. Escolha a que vai te fazer menos mal.

3) Existem várias formas de se dizer a mesma coisa. Escolha a que vai ferir menos. Trate as pessoas como gostaria de ser tratado.

4) Existem várias verdades a respeito de um mesmo assunto. Escolha a sua e respeite a dos outros. Elas não têm que combinar.

5) Coloque-se no topo das prioridades. Não se trata de egoísmo. Trata-se de amor próprio. Cuide-se. Respeite-se. Ame-se.

6) Tente não se sabotar!

7) Deixe as mágoas do passado no passado. E não brigue com ele por causa disso. Tudo que aconteceu foi exatamente como tinha que ser. Faça as pazes com quem você foi. Faz parte de sua história. Perdoe-se pelo que tiver que perdoar e vire a página. Remoer uma mágoa é machucar-se duas vezes. Isso não faz nenhum sentido. Liberte-se!

8) Deixe as preocupações futuras no futuro. Sofrer por antecedência é sofrer duas vezes. Isso também não faz sentido. Desencane!

9) Somos donos apenas de nossas vidas. Somos os únicos responsáveis pela administração de nossa existência. Cabe a nós mesmo decidir o que nos afeta e o quanto. Decida com carinho. Saiba lidar com o que te faz mal o tempo suficiente para deixar passar.

10) Nossa vida é o que fazemos dela. É o que fazemos a respeito dos acontecimentos. É a maneira com a qual lidamos com os sentimentos que brotam. É nosso jeito de conviver com os outros e conosco.

Aproveite essa oportunidade! Invista seu tempo e seus esforços naquilo que vale a pena, naquilo que acrescenta. E seja feliz!







Educadora com formação em Letras Português/Inglês e foquei minha carreira na alfabetização durante quinze anos. Porém, um câncer de boca (localizado na língua) me afastou da sala-de-aula e me fez descobrir o dom que adormecia em mim: a escrita. A doença me deu tempo e uma história para contar. Resolvi registrar no papel como o câncer me curou, transformando-me em alguém melhor. Assim nasceu o livro Impactos do Câncer, que foi lançado no final de 2015. Desde então, sigo escrevendo sobre o que meu coração manda, porque sinto que é essa a contribuição que sei deixar para o mundo.