Quem puxa saco também puxa tapete

Ninguém há de negar que muitas pessoas são adeptas da ideia de que os fins justificam os meios, não importando quais meios sejam usados, se éticos ou não. Numa busca desenfreada por seus objetivos, os quais tão somente envolvem aquisição de bens materiais e grau alto na hierarquia do trabalho, muitos passam por cima de valores morais, atropelando quem quer que pensem se encontrar no meio desse caminho.

É como se não pudessem fugir à máxima de que “a ocasião faz o ladrão”, uma vez que a vaidade e ambição então se aliam, em prol da realização daquilo que se quer, a todo custo, a qualquer preço. Para esses indivíduos, não existe outra forma de subir na vida a não ser focando exclusivamente seus esforços no objetivo, o qual deve ser a meta única e final de suas vidas, ainda que se machuquem ou se distanciem da vida de outras pessoas nesse caminho.

Esse tipo de gente parece não se apegar emocionalmente a ninguém, uma vez que qualquer um é visto como um concorrente, ou seja, um inimigo potencial. Assim, fica mais fácil mentir, trair, envolver o outro em fofocas, passando por cima de suas cabeças, sem dó, sem pensar duas vezes e sem olhar para trás, nem ao menos para checar os estragos deixados no rastro de suas ardilosas falcatruas.

Por essa razão, jamais possuirão um comportamento minimamente coerente, pautando suas ações pelas máscaras que lhes servirão aos escusos propósitos, aparentando cordialidade somente com quem possa lhes trazer algum privilégio na contrapartida. Não raro, cortejarão seus superiores, mostrando-se extremamente solícitos e competentes, leais e transparentes, até o momento exato em que possam derrubá-los, pois querem o seu lugar.

É preciso, pois, muita cautela com os bajuladores de plantão, visto que muitos deles estão esperando apenas o momento mais apropriado para usar contra nós tudo o que fizemos e/ou dissemos, principalmente aquilo que eles ouviram às escondidas e espalharam por aí, pelos ouvidos das pessoas mais mexeriqueiras com quem convivem.

Fato é que nosso coração, no fundo, sabe bem quem nos estima com verdade e intenções positivas, e serão estes que não medirão esforços para nos ajudar, não importando a posição que estivermos ocupando. E serão estes que deveremos manter junto, sem receio, sem hesitação, todos os dias.

Imagem: Tanya Zabula/shutterstock







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.