Quando o bom é justamente não vencer!

Vencer na vida. O que significa isso? É dinheiro? É amor? É alguma vitória que só a alguns caiba e a outros não? Uma expressão bem usada, mas desconfio demais da sua adequação. Não existe essa vitória tão ampla, tão ostensiva, tão contundente. A vida de todos passa pelos altos e baixos, vitórias e derrotas, ainda bem.

Justíssimo que se lute por vitórias, mas tão importante quanto o foco no êxito, é o discernimento para identificar batalhas perdidas, disputas desleais, provocações inúteis. Essa é a boa derrota, a que liberta, não oprime, não humilha, não trapaceia.

Ganhar a razão numa discussão em troca tão somente da última palavra é uma grande tolice. E um crachá de chatice.

Entrar numa disputa por afeto é certeza de ferimentos e muita mágoa espalhada pelo chão. E afeto não se disputa nem negocia.

As vaidades também oferecem uma briga feia, daquelas em que geralmente se mostra os defeitos alheios por não se ter qualidades suficientes para apresentar. Melhor passar.

Briga por poder, por reconhecimento, por vantagens, por prestígio… se para tudo isso é necessária uma briga, a vitória não é legítima. Não é conquistada, é tomada.

Como na brincadeira da dança das cadeiras, vale pensar que, se para sentar na última cadeira e vencer é preciso deixar alguém cair sentado no chão, talvez a grande vitória seja dividir a cadeira e ambos sentarem.

A vida não está mais para este tipo de brincadeira.

A melhor vitória é uma consciência em paz.







Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.