Olhei pela janela e…

Há alguns anos, buscando apartamento para morar em Brasília, nos deparamos com um que, por fora, nada dizia e era aparentemente sem graça. Quando abrimos a porta da sala, demos de cara com um janelão, muita luz e muitas árvores, entre elas um abacateiro. A energia que vinha de fora era irradiada pelos ambientes, e isso simplesmente nos cativou. Ali moramos por três anos e meio. Na gravidez do meu filho, escolhemos nosso apartamento e o nosso bairro como cenários para nossas fotos de recordação. Mencionamos, com carinho, o apê na música que fizemos para o Martin (veja vídeo), pois ele fez parte de nossa história. Nosso apartamento foi testemunha de nosso amor, de nossas batalhas. Ele foi nosso aconchego diário e o cenário de algumas brigas e muitas transformações. Na parede do apartamento, colocamos a seguinte citação: “Vem comigo que no caminho eu te explico…”. Amo essa citação, pois ela transmite exatamente como foi o inicio de nossa vida juntos: confiança e companheirismo diante de um mundo de incertezas e desafios. Tudo isso dentro de um espaço tão nosso.

Alguns anos depois, decidimos mudar e nos vimos na árdua tarefa de encontrar nosso cantinho no Uruguai. Falo árdua, pois de uma lista de mais de vinte apartamentos, conseguimos visitar apenas três. Começamos a ficar tensos e preocupados. As imobiliárias com mil exigências, os imóveis de qualidade duvidosa e preço elevado. Nenhum apartamento nos abraçava e acolhia como o nosso de Brasília. Sem sombra de dúvidas, sentimos na pele que a mudança de vida que nos propusemos iria gerar uma perda grande de conforto, nem que fosse só por um tempo. Estávamos, na prática, redesenhando nossas vidas, começando do zero (nós três e cinco malas) e o processo não seria fácil.

Finalmente, depois de uma busca exaustiva, encontramos um apartamento no bairro que queríamos. Era um apartamento pequeno, ensolarado e monocromático (tudo marrom), com um aconchego razoável para uma fase de transição. Além disso, foi o melhor que conseguimos em um momento em que estávamos precisando ter um QG para organizar todo o resto. Ficamos nele por dez meses e, nesse período, vivi uma relação de amor e ódio. Sentia o ambiente me sufocando, um espaço pequeno para viver, trabalhar e ter uma criança circulando com seus brinquedos. Por outro lado, pensar em mais uma mudança em uma fase de indefinições, me fazia querer ficar lá pelo tempo que fosse necessário.

Depois de muita conversa e reflexão, Bruno e eu decidimos dar o passo rumo a uma casa mais nossa neste novo país. Depois de dez meses, decidimos novamente sair à procura de nosso cantinho. Mais uma vez a busca foi árdua. Inúmeras vezes pensei em desistir. Pensei que era bobagem, até capricho, esse meu desejo de voltar a ter um espaço com a minha cara. Até que, finalmente, há um mês, encontramos um novo apartamento. Maior, em uma rua agradável, mais arejado, e com uma bela sacada. Claro, com seus problemas e chatices. Mas, com um janelão e com umas árvores…ufa…que recompõem o meu fôlego, energizam minha mente e propiciam um ventinho suave que cura alguns desconfortos da alma. Depois que estamos aqui, tudo começou a fluir mais. As ideias, os projetos, o astral, a sensação de bem estar, finalmente nos sentimos mais em casa.

Engraçado como o ambiente tem um impacto tão profundo em nossas experiências cotidianas. Pouca luz, muita luz, ruídos, odores, espaços, quantas variáveis que de alguma forma direta ou indireta impactam nossa vivência. A produtividade, o humor, o bem-estar, bem ou mal, terminam sendo afetados pelo espaço físico onde nos encontramos. Sabe aquela sensação de sentir um alívio quando você sai de um ambiente quente, ruidoso ou simplesmente sombrio?! Ao mudar de cenário você percebe como aquele espaço estava lhe sufocando, travando corpo e mente. Muitas vezes, uma “simples” mudança de casa traz uma mudança drástica na qualidade de vida. Rearranjar os móveis dentro de sua casa, ou a troca de algumas lâmpadas, ou, ainda, ter uma pequena horta, pode gerar uma mudança imensa no seu bem-estar. E você passa a sentir-se revigorado, feliz, com mais pique e energia para os desafios cotidianos. Ter um ambiente agradável para trabalhar, então, nem se fala. O impacto na produtividade, na satisfação e até nos relacionamentos entre colegas é direto.  À bem da verdade, somos todos completamente suscetíveis ao ambiente que nos rodeia. A diferença é que alguns possuem mais sensibilidade do que outros.  E estar em um ambiente que te faz bem, que te acolhe, traz um fluxo positivo em todos os aspectos de sua vida.

Mais um aprendizado nesse processo todo de mudança de vida: sou dependente de um espaço agradável, sensível às mudanças que envolvem meu lar e sou extremamente dependente de árvores. Uma dependência séria e doentia (risos). Sinto uma paz enorme ao ficar diante da beleza de árvores majestosas. Tanta vida ali na minha frente…

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Engenheira, mãe e lutadora inveterada por uma vida mais plena e com mais sentido. Co-criadora do Vida Borbulhante. Largou tudo, deu um salto no vazio e foi morar no Uruguai com o Bruno e o Martin. Ela busca incentivar as pessoas a viverem uma vida com mais propósito.