O que a morte do meu irmão me ensinou sobre a dor e o luto

Por ASHLEY CEBULKA, via contioutra.com - O que a morte do meu irmão me ensinou sobre a dor e o luto
Tradução e adaptação Josie Conti

A morte é a única certeza que temos garantida na vida. No entanto, quando nos atinge, ela pode nos atingir como se estivéssemos sendo engolidos por uma avalanche, imaginando se algum dia voltaremos a respirar. O mundo como nós conhecíamos parece deixar de existir, e o desmoronando interno pode ser absolutamente paralisante.

Eu só posso escrever nesse momento porque eu estive lá e quero compartilhar com vocês algumas coisas que foram incrivelmente úteis para mim durante todo esse processo de superação.

Meu irmão mais velho faleceu há quatro anos. A notícia me atingiu de uma forma indescritível. Ele foi, e ainda é, um dos meus melhores amigos e um dos maiores heróis da minha vida.

Eu não escrevi sobre isso por um longo tempo porque, com toda a honestidade, eu não queria receber simpatia de ninguém. Eu queria apenas ficar sozinha em minha dor e estar conectado com o meu irmão, de qualquer e todas as formas possíveis. As opiniões e, os momentos de “Oh meu Deus eu não posso imaginar”  não eram tão bem vindos, eu não estava pronta para eles e então optei pelo silêncio para minha própria preservação.

Eu estava furiosa, oprimida pela tristeza, perdida, preocupada com os meus pais, solitária, louca porque eu não iria vê-lo novamente, aliviada, em alguns momentos me sentia bem, então ficava zangada e triste novamente. Esta montanha-russa de emoções continuaram por um longo tempo. Muitas vezes eu ficava confusa. Eu queria desesperadamente ‘descobrir’ e compreender um grande significado para aquilo tudo para que, de alguma forma, eu pudesse experimentar a paz e o amor em meu coração mais uma vez.

Com o tempo eu percebi que existe beleza na tristeza. Ela nos ajuda a perceber o quão enorme o nosso amor pode ser. Tanto é que pode nos machucar tão intensamente que dizer adeus a essa pessoa, na forma como a conhecemos, é simplesmente devastador.

Eventualmente, eu me abri e comecei a falar muito honestamente sobre tudo isso. Comecei a perceber que, se eu acreditasse que tudo acontece por uma razão, a morte também fia parte disso. Enquanto era doloroso perder meu irmão em sua forma física,  inúmeros milagres começaram a acontecer desde o seu falecimento.

Agora entendo que era simplesmente o tempo que seu espírito precisava para seguir em frente a partir do corpo em que estava. Seu espírito ainda está muito vivo, até hoje, e eu sinto evidências disso regularmente. A chave para mim é ficar aberta para vê-lo.

Esta sabedoria interior me trouxe paz e compreensão diferentes de tudo o que eu jamais havia experimentado na vida.

Então por que estou compartilhando isso?

Para que você saiba que você não está sozinho. O luto é uma viagem diferente e única para todos. Todos nós lidamos com isso da melhor forma que conseguimos. E é um momento fundamental no processo de cura.

Não estou afirmando de forma alguma que eu seja uma especialista em dor, eu simplesmente quero compartilhar algumas coisas que me ajudaram durante esse tempo difícil, com a esperança de que sejam úteis para você também continuar.

1. A aprendizagem do Perdão: para a situação, a pessoa, as coisas que você não teve tempo de dizer, os momentos que você gostaria de ter tido ou para aqueles que você gostaria de voltar atrás. Perdoe.

2. O foco no amor: Quando eu fiquei pronta, preferi concentrar-me no amor partilhado por nós dois em vez de ficar fixada na dor.

3. O entendimento de uma razão maior: Percebendo e confiando que as coisas são transitórias e, ao mesmo tempo, confiando que tudo aconteceu por uma razão.

4. A honestidade com os sentimentos e o tempo necessário: Ser aberta e honesta sobre como me sentia em vez de tentar esconder meus sentimentos. Expressar as minhas necessidades a quem eu amo, e deixar que essas pessoas soubessem que, às vezes,  eu apenas precisava de um tempo sozinha.

5. Pedir e aceitar ajuda: estar aberta para mostrar minha vulnerabilidade pedindo a ajuda de pessoas em quem confio e me permitindo recebê-la.

6. Respeitar o próprio tempo: dando tempo e espaço para poder sentir e me curar.

7. Expressar gratidão pelos dons que recebi, por ter meu irmão como uma parte da minha vida por tanto tempo como eu tive, por poder celebrar nossas memórias. Embora reconhecendo que o seu espírito está sempre comigo, enquanto eu permanecer aberta. Eu também escrevi todas as memórias incríveis que passamos juntos.

8. Tudo isso aconteceu até que um dia, finalmente, percebi que voltei a me concentrar no que eu amo e passei a fazer mais e mais a cada dia.

Escrevo esta carta aberta, com muito amor no meu coração para vocês que estão lendo isso agora.

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