Não permita que o dia termine sem que você perdoe a sua história

De vez em quando penso que a vida é encantamento e desilusão.

Derruba-nos em um momento para em seguida nos dar a mão.

Guia-nos por um caminho tortuoso para que enfim possamos achar a direção.

Ensina-nos a cair e nos anima a prosseguir.

Propõe que aprendamos a confiar enquanto nos confronta com as mais duras verdades; e convida-nos a sonhar mesmo quando tudo parece desabar.

Não permita que o dia termine sem que tenha plantado um pouco de otimismo no solo árido dos seus pensamentos, sem que tenha acreditado um pouco mais em bênçãos e milagres, sem que tenha adquirido uma fé enorme no amor e na alegria.

Não permita que o dia termine sem que entenda que tem o direito e o dever de ser feliz, de experimentar sorrisos e vestir delicadeza. Que a dor é passageira, e que o tempo se encarregará de trazer novos perfumes assim que você estiver pronto.

Não permita que o dia termine sem que você perdoe a sua história, com todos os bons e maus começos que você redigiu. Que você resgate a sua essência, a porção de si mesmo que permanece naquele lugar distante da dor.

Não permita que o dia termine sem que volte a acreditar firmemente em algo bonito que faz parte de você. Sem que entenda que sua vida é dom precioso, e aprenda a ser grato por isso.

Não permita que o dia termine sem que descubra que nenhuma desilusão pode diminuir o tamanho de seus sonhos ou lhe afastar de si mesmo.

Não permita que o dia termine sem que entenda que a vida não pode ser contada através de seus fracassos e desilusões, e sim através da capacidade de ser mais gentil consigo mesmo.

Não permita que o dia termine sem que seja capaz de amar, agradar e cuidar de si mesmo; sem que aprenda que tem vocação para ser completo e feliz.

Não permita que o dia termine sem que tenha rido de si mesmo e aceitado a vida como um conjunto de acertos e desacertos, e que saiba driblar os momentos imperfeitos.

Não permita que o dia termine sem que tenha autorizado seu gozo e seu pranto, seu encanto e emoção, sua liberdade e redenção. Que se comprometa com a felicidade e transforme os bons momentos em eternidade.

Tenho receio que a gente pare de sonhar por ter medo de cair. De desistir de nossas ilusões por medo de fracassar. De deixar nossa espontaneidade em função de nossa maturidade. De abandonar os velhos pijamas, as meias coloridas, as paisagens carregadas de simplicidade. Tenho receio que a gente siga buscando o tal do crescimento e esquecendo os abraços apertados, os sonhos de antigamente, as promessas que fizemos e desejávamos cumprir.

Não deixe que a vida o endureça a ponto de não acreditar em milagres. Que o perdão seja moeda do passado de quem um dia soube agir com flexibilidade.

Não permita que o dia termine sem que tenha sido um pouco mais feliz, seguindo seus desejos de menino e superando os revezes do caminho. Entendendo, principalmente, que a vida é dura, sim, mas também é o presente mais fascinante e poderoso que alguém pode ter. E que, se o preço a pagar para vive-la plenamente é andar sem culpa, não permita que o dia termine sem que você perdoe a sua história…

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Escritora mineira de hábitos simples, é colecionadora de diários, álbuns de fotografia e cartas escritas à mão. Tem memória seletiva, adora dedicatórias em livros, curte marchinhas de carnaval antigas e lamenta não ter tido chance de ir a um show de Renato Russo. Casada há dezessete anos e mãe de um menino que está crescendo rápido demais, Fabíola gosta de café sem açúcar, doce de leite com queijo e livros com frases que merecem ser sublinhadas. “Anos incríveis” está entre suas séries preferidas, e acredita que mais vale uma toalha de mesa repleta de manchas após uma noite feliz do que guardanapos imaculadamente alvejados guardados no fundo de uma gaveta.