Não mexa com o meu cabelo

Entendemos que o racismo e o preconceito são males arraigados em nossa sociedade. Esses males, muitas vezes, usam a capa da invisibilidade, valendo-se da omissão de muitos dentre aqueles que bem os enxergam.

Contudo, é preciso colocar às claras tanto a existência e a recorrência de tais condutas, como ainda dar voz aos injustamente ofendidos, de sorte que se façam ouvir e se unam na busca do respeito a que fazem jus.

Vimos o relato abaixo, em forma de desabafo, em uma rede social e, com a devida autorização, aqui o reproduzimos, na esperança de dias melhores.

“Estávamos no aeroporto em Brasilia, voltando para o RJ,passamos rápido por uma lanchonete já na área de embarque,uma.criança branca lisa e loira toda de rosinha estava com o lanche na mão… Ela olhou para a Elis e gritou: “Cabelo feioooo…” Gritou bem alto.
Eu e o meu marido olhamos para ela bem sérios e ela abaixou a cabeça.

A Elis não olhou e seguiu sem falar nada, só apertou a minha mão.

Sentamos, e eu perguntei se estava tudo bem, ela não quis falar, só me abraçou.
O pai ficou revoltado e queria que ela falasse o que estava sentindo ou que ela respondesse. Ele queria voltar lá e procurar os pais da criança.

Não dá… Não deu…

contioutra.com - Não mexa com o meu cabelo
Essa é a bela Elis!

Somos pais presentes, enegrecidos… Conversamos sobre racismo com as nossas filhas desde sempre.
E mesmo assim ficamos sem ação.
Ela só tem 4 anos… É toda estilosa, descolada e esperta…porém o racismo e preconceito fazem isso com a gente.

Eu queria muito entrar em seu peito e retirar aquele nó que só o racismo faz… Aquele aperto, misturado com vergonha.
Ela não esperava aquele grito…ela não está acostumada com isso.
Ela veio sem falar nada, dormiu a viagem toda.
Ainda não toquei no assunto, porém sinto que o trabalho precisa ser mais firme.

Pais: Seus filhos, mesmo que pequenos, já são vítimas do racismo.
É resistência diária… É conversa…É leitura…É representação

Isso será para sempre… Não é vitimismo, infelizmente é a nossa realidade.

*A menina tinha uns 3 anos..com certeza reproduz o que ouve em casa ou na escola.

Continuaremos empoderando,encrespando e resistindo.”

Texto de Renata Morais.







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