Minha maturidade

Com as rugas que começam a marcar no rosto a passagem do tempo, a gente vai aprendendo a lidar melhor com tudo. Os óculos de grau já não ajudam apenas a ler e ver ao longe, já nos dizem que é hora de enxergar a vida de uma outra forma. É o tempo trabalhando nossa individualidade, alicerçando nossa personalidade, fazendo a gente entender que a perfeição da vida, é justamente que ela nunca vai ser totalmente perfeita, mas a gente tem que abraça-la com amor, como ela vier.

Os cabelos insistindo em nascer branqueados, nos dão a coragem necessária para sermos mais sinceros sempre. Simplicidade. Coragem. Humildade. Bondade. Idade. Verdade. MATURIDADE. Essa é a palavra. Ser maduro não é ser adulto. É ter coragem, é ter opinião, amor-próprio, é adquirir a visão diferenciada para o que é comum, é saber apreciar devagar cada momento que a celeridade da juventude faz passar despercebido. É ser simples, porém intenso em tudo que faz. Humilde, mas com um orgulho que o proteja.

Amadurecer é começar a aproveitar a viagem, sem muito se preocupar com o destino final. É quando a gente aprende a lidar com os impulsos, dominá-los e vencê-los, coisas que a energia da mocidade nunca deixou.

A maturidade vai fazendo a gente compreender a vida sem se iludir, navegar os dias com tranquilidade, aceitar os erros sofrendo menos e querer realizar os desejos com mais vontade. Maturidade é dizer não quando preciso, é dizer sim quando necessário, é baixar e levantar a cabeça nos momentos certos. Nem trouxa, nem espertalhão, apenas sábio o bastante pra não se importar com qualquer coisa. É driblar os imprevistos com bom humor. É revidar o ódio com amor. É rir das provocações, é entender as indiretas e rir mais ainda, é responder ás negatividades com desprezo, mas com respeito. É não desejar mais ter a vida que o outro tem. É querer, ter e aceitar a nossa própria. É ir em busca do que acreditamos, sem dar mais ouvidos aos pessimistas. Amadurecer não é envelhecer, não é se tornar velho. Não significa idade, não é um número. Significa a bagagem de conhecimento do que tiramos das lições de tudo que o tempo veio, pacientemente, ensinar. Ela vem aos poucos, vai ficando, vai moldando, vai construindo, vai fazendo morada nas falas, nos atos, no que nos dispomos a ouvir, ver e falar.

Maturidade são os sonhos realizados, sem anúncios. São as vitórias, sem palanques. São os momentos eternos, sem registros. São os dias inesquecíveis, sem postagens. É o resumo das pancadas, das lágrimas, das alegrias e conquistas. É conseguir lidar bem com doçuras e amarguras, com os azedos e com as delícias, com o vigor e com a preguiça. É o equilíbrio da balança da vida. É confiar na esperança. É acreditar na própria fé. Amadurecer é chegar ao ápice da juventude sem apodrecer. A adolescência já passou. A velhice depende de nós mesmos para chegar. É o período mais longo da nossa vida, passe por ela tendo a consciência sobre quem se tornou, entenda que somos todos iguais, que toda a história, todo caminho percorrido, todos os sonhos imaginados e objetivos realizados, foram somente pra que tenhamos a certeza absoluta de que a felicidade anda de mãos juntas com a maturidade e elas independem de posses, títulos, bens, companhias, idade, empregos, dores, amores… Elas dependem somente de aceitarmos ser quem somos e de perceber que chegou a hora de cuidar e de viver a nossa própria vida em paz. O restante é consequência.

Imagem de capa: Jacob Lund/shutterstock







Escrever é uma fuga que sempre uso. Não tenho temas. Não tenho destinos. Alguns devaneios e desatinos, quem sabe. Solto as palavras ao vento. Viajo ao vê-las viajando pelo ar. Recolho as que voltam nos relentos das manhãs e me lavo em seus afagos. Me aguo, me renasço. Palavras me acariciam a alma, me despertam sentimentos, paz, calma. Leio, releio, rascunho e escrevo. Faço dos textos da minha lida, as estrelinhas da minha vida.