Por Claudia Antunes

contioutra.com - Manhã de domingo
Os domingos são ritualísticos em todos os lugares do mundo, exceto naqueles onde o sábado desempenhe tal papel. Acordar mais tarde para os solteiros, casais sem filhos e jovens. Disparar cedo para a rua com as crianças, à procura de parques e praias. Folhear o jornal aleatoriamente, pulando editorias, sem compromisso algum com as notícias. Não vamos estragar o domingo…
Lembrar-se de algo que estava esquecido, como um velho álbum de fotos e distinguir, em riso contido, cada pose, pessoas, cenários.
Levantar e deitar-se por seguidas vezes, naquela gostosa indecisão de dia sem horas. Abrir a geladeira para ver o que interessa. Se não achar, já é um motivo para almoçar fora, encontrar amigos, reunir a família.
As pessoas falam menos aos domingos, imersas em livros, ouvindo música, indo ao cinema, questionando a própria existência frente a avatares que estão abertos ao monólogo.
Os sons de domingo são mais aéreos. Helicópteros sobrevoando a orla, bem-te-vis em antenas de prédios, o ensaio da banda de rock no andar acima do seu.
Fotografar o domingo é mostrar o sorriso guardado nas salas de trabalho, igrejas, escolas e deixá-lo fluir com a naturalidade que os vendedores exibem.
No domingo os gatos dormem mais ainda, pela ausência de toques de campainha, interfones e desconfortos aos ouvidos felinos.
Escrever no domingo é ato sacro, embalado pela voz rascante de Eric Clapton, o deus eterno, que canta memoravelmente ‘Still got the blues’.


Claudia Antunes é carioca, jornalista e já trabalhou em jornais como Jornal da Tarde (SP), O Estado de S. Paulo, Jornal do Commercio e Tribuna da Imprensa e nas Revistas Manchete, Fatos & Fotos e Visão (atual Isto É). Jardim Botânico do Rio de Janeiro e INEA.







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