Levantar do chão, engolir o choro e abraçar a vida!

A mim coube uma mãe enérgica, forte e a quem nunca faltou força pra enfrentar as situações mais absurdamente difíceis da vida. Graças a essa fortaleza feminina, aprendi a chorar quando inevitáveis sejam as lágrimas; aprendi a deixá-las correr para aliviar a dor; aprendi a secá-las para enfrentar a vida. Eu, certamente fui “convidada” a engolir o choro algumas vezes. É, meu amigo, não é fácil não! A garganta arde, os olhos queimam e o sangue ferve! Porém, diante da autoridade instituída, não dá pra desconsiderar uma ordem dessas. Mas… Quer saber?! Às vezes, a gente precisa MESMO aprender a engolir o choro e assumir que a vida não espera ninguém ficar pronto pra acontecer.

Enquanto o mundo caminha por trilhas acidentadas, cheias de percalços e surpresas, ainda há quem espere por soluções mágicas para seus problemas ou por golpes de sorte para alcançar uma vida bem sucedida. Em geral, pessoas melindrosas demais são consequências de uma educação exageradamente permissiva ou super protetora. Adultos na contagem dos anos, mas crianças eternizadas, acostumadas a depender de alguém até para suprir necessidades básicas, como comer ou dar conta de chateações do cotidiano, como trocar o óleo do carro. Essas pessoas deveriam ser interditadas. Engana-se, porém, quem acredita que elas sejam uma raridade. Há um sem número de “pessoas indefesas” espalhadas por aí.
Você olha em volta e vê um mundo em crise. Respostas prontas e ideais de estabilidade foram removidos para outro sistema solar. Nada vem com termo de garantia na vida. Nem mesmo o fato de ter sido beneficiado com uma formação educacional acima da média ou ter tido a rede de proteção e orientação da sua família são suficientes para fazer você tomar impulso na direção de uma vida autônoma e independente. As rédeas do seu destino só serão suas de fato se você entender que a vida é um cavalo selvagem, bem diferente do pônei adestrado e colorido que prometeram a você, ou que você achou que prometeram.

A liberdade não tem nenhuma relação com ideais românticos. A liberdade é conquista árdua, construída com muito trabalho, pouca frescura e nenhuma acomodação. A conquista da liberdade depende do completo comprometimento daquele que a almeja. Ninguém pode considerar-se realmente livre se não estiver disposto a entender que é indispensável abrir mão de requintes luxuosos como depender de alguém para cuidar de suas experiências pessoais.

É bem verdade que chorar faz parte do processo de amadurecimento. Há momentos na vida em que só mesmo uma correnteza de lágrimas é capaz de lavar a dor. É necessário chorar quando doer demais. Desaguar a represa de angústias e incertezas que paralisam sua força criadora. Entretanto, é preciso cuidado para não alimentar lágrimas preguiçosas que resistem à correnteza do choro e escolhem promover um manifesto lento e degradante de queixa perpétua.

Poucas coisas são mais ridículas do que adultos que passam a maior parcela de seus dias cultuando o descontentamento com seu destino. Reclamam do tempo, reclamam do trabalho, reclamam das pessoas, reclamam da vida. Lembram filhotes desmamados antes da hora, perdidos numa busca eterna pela chupeta da dependência emocional.

Supondo, então, que você tenha andado meio manhoso e aborrecido porque ninguém percebe o quanto a sua vida é difícil e sem sorte… Quer saber?! Engole esse choro e entende que já passou da hora de assumir que essa vida aí que você acha tão injusta é, nada mais nada menos, que o único resultado possível pra sua falta de vontade de mudar, pra sua preguiça mental, pra sua paralisia emocional. Acorda! Deixa de ser criança fora de época! O mundo girou, a vida mudou e você não viu porque estava ocupado choramingando!







"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"