Deusa Iris

Deusa grega do arco Iris. Casada com o deus do vento Zéfiro, era considerada uma mensageira entre deuses e homens, principalmente de Hera e Zeus. Os gregos acreditavam que o arco – Iris era uma conexão entre o céu e a terra, por isso esse atributo à deusa.

Essa deusa foi diminuída de posto com o advento do patriarcado, passando a ser a mensageira da deusa Hera – esta uma deusa que perdeu o seu poder para o marido Zeus. O posto de mensageiro oficial foi para Hermes. Ela mencionada na Ilíada, mas nunca na Odisseia, onde Hermes toma seu lugar.

Possivelmente a raiz de Íris é o indo-europeu uei, “dobrar”, donde o latim uiriae, “bracelete”. Íris é a ponte, o traço-de-união entre o Céu e a Terra, entre os deuses e os homens. Comumente é representada com asas e coberta com um véu ligeiro que, ao contato com os raios do sol, toma as cores do arco-íris (Brandão).

É representada por uma bela donzela alada, que se move com muita leveza. Era junto com Hermes a única capaz de se mover entre o mundo humano, o Olimpo, o Hades e os oceanos. Carrega consigo um bastão de mensageiro e às vezes uma jarra de vinho. Também aparece servindo néctar aos deuses. Ela também era a copeira dos deuses.

Iris era bondosa, mesmo tendo ajudado Hera em suas vinganças, principalmente quando Hércules enlouqueceu e acabou com sua família.

Da mesma forma que o arco-íris, ela podia surgir quando menos se esperava e também podia desaparecer discretamente. A parte colorida do olho, a íris, recebeu esse nome por causa dela.

O arco – Iris é um símbolo universal da mediação e dos caminhos. Na Mitologia o Arco Iris é uma ponte para deuses e heróis se deslocarem entre os dois mundos.

Um arco-Iris se forma quando a luz do sol brilha em gotas d’água da chuva. Parte da luz é refratada para dentro da gota, refletida no seu interior e novamente refratada para fora da gota. Esse efeito se deve a gotas suspensas no ar. O espectro de cores que aparece nele são: violeta, anil, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho.
O arco-íris não existe efetivamente em um local no céu, trata-se de uma ilusão de ótica cuja posição aparente depende da posição do observador.

Uma curiosidade é que a luz do sol refletida pela lua também é capaz de criar um arco-íris.

Na Escandinávia é a ponte Byfrost; no Japão, a ponte flutuante do Céu; a escada de sete cores por onde Buda torna a descer do céu. A mesma ideia se encontra do Irã à África, das Américas à China. No Tibete, o arco-íris não é propriamente a ponte, mas a alma dos soberanos que sobe ao céu. As fitas usadas por determinados Xamãs simbolizam a ascensão dos mesmos à outra vida.

Na China a união das “cinco cores” do arco-íris é a mesma união de yin e do yang, o sinal de harmonia do universo e o símbolo da fecundidade (Brandão, 1986).

As sete cores do arco-iris representam os sete dias da semana, que também estão associados aos planetas, representando os sete níveis de consciência.

No Tarot Mitológico essa deusa foi associada ao arcano A Temperança, símbolo do equilíbrio e da busca da harmonia entre as polaridades. A alquimia, a transformação, harmonia, circulação de energia.

Como mensageira de Zeus e Hera ela une a chuva (Hera) e o raio (Zeus), simbolizando a união das atividades celestes deles. A união de contrários.

As sete cores do arco-íris no esoterismo islâmico simbolizam a imagem das qualidades divinas refletidas no universo, já que o arco-íris é a imagem inversa do sol sobre um véu inconsistente de chuva (Brandão, 1986).

O arco – Iris é a reunião do alto e baixo, a terra e as águas. É uma resolução.

O arco-íris que surge sobre a Arca de Noé reúne as águas inferiores e superiores, metades do ovo do mundo, como sinal da restauração da ordem cósmica e da gestação de um novo ciclo. Estabelece-se uma aliança entre a Divindade e o homem.

Na cultura yorubá o representante do arco – Iris é o Orixá Oxumare, que representa a mobilidade, a circulação e a atividade. Uma de suas funções é a de dirigir as forças que promovem o movimento. Algumas vezes, é representado por uma serpente que morde a própria cauda.

Oxumarê é um orixá completamente masculino, porém algumas pessoas acreditam que ele seja macho e fêmea. Diz-se que é um servidor de Xangô, que seria encarregado de levar as águas da chuva de volta para as nuvens através do arco-íris.

Conforme Brandão (1986) a associação Chuva-Arco-Íris fez que em muitas culturas essa evocasse a imagem de uma serpente mítica, como Naga, na Ásia oriental. Este simbolismo se encontra também na África e, possivelmente, até mesmo na Grécia, porque o arco, que figura na couraça de Agamêmnon, está representado por três serpentes. Pois bem, tal simbolismo está em conexão com as correntes cósmicas que se desdobram entre o céu e a terra

No Tarot Mitológico, Iris como a Temperança está representada com um arco – iris em forma de circulo, como se fosse uma serpente que morde o próprio rabo,representando assim a Uroboros.

Iris então como arquétipo representa algo espiritual, intangível, um equilíbrio temporário representado pela Uroboros, mas que não é passível de sobrevivência. Ela é a totalidade que tanto almejamos, mas que foi diminuída.

É comum se dizer que há um pote de ouro ao final do arco – Iris.Mas esse final nunca encontramos, porque não é algo objetivo e tangível. É o ouro do nosso inconsciente, que Iris pode auxiliar, como mensageira, a encontramos.

Mas para isso, precisamos ter a humildade dela, para servirmos aos deuses, ou seja, para servirmos de bom grado a forças maiores que nós que se encontram em nossa inconsciente. Precisamos ter a humildade de parar para ouvir suas mensagens, mesmo que não sejam boas de ouvir, mas que servirá para nosso crescimento.







Analista Junguiana, especialista em contos de fadas e Mitologia, escritora, professora e palestrante.