Das memórias não tidas

Algo que as próximas gerações não vão poder nem querer fazer: frequentar locadoras de filmes.

Eu, pessoalmente, acho meio triste. Longe de mim condenar a Netflix e o uTorrent, mas esse pessoal mais novo (ou o da minha própria geração que não o fez), acaba sendo privado de algumas boas memórias.

Nunca vão ter, por exemplo, a oportunidade adentrar aquele recinto e sentir o cheirinho do local (tem sim!), nem de sair satisfeito com três títulos em mãos. Nunca vão poder examinar título por título uma sessão de filmes à procura de algo interessante para assistir. Não vão também ter a frustração de não achar nada que interesse. Nunca serão mirados pelos olhos impacientes dos pais em seus dias mais apressados: “Já escolheu?”, nem prometerão assistir aqueles 5 filmes em único final de semana “porque todos parecem bons!”. Não vão ter que pedir uma indicação do dono ou funcionário do estabelecimento nas horas em que tudo parece chato. Não vão ter a emoção de chegar em casa e ir direto para sala assistir aquele que aparenta ser o melhor entre os filmes escolhidos. Nunca vão sentir o entusiasmo de saber que a continuação daquele filme que você tanto ama finalmente chegou em sua locadora, nem a decepção de descobrir que todas as fitas/DVD’s dele foram locadas. Também não vão ter que passar pelo desespero de perceber que perderam, quebraram ou arranharam uma fita ou DVD. Nunca vão fazer aquela maratona obrigatória, porque a data da entrega é no dia seguinte e por fim, não vão poder descobrir outros mundos a partir daquele mundinho que é aquele espaço cheio de histórias filmadas.

É, a verdade é que parte da minha empolgação com a chegada dos finais de semana se foi junto com a era das locadoras. A da Aprígio Nepomucemo que o diga. Não era a maior nem a melhor de Campina Grande, mas foi a que ficou no coração. Que descanse em paz.







Paraibana (Campinense) estudante de Psicologia que tem a cabeça nas nuvens, pés no chão e um fraco por causas perdidas.