Crianças que já são adultos

Já notaram como as crianças de hoje estão muito diferentes das
crianças de alguns anos atrás, da década de 40, 50, 60?

As crianças antes, jogavam pião, brincavam de bilboquê, amarelinha,
com bonecas (no caso das meninas).

Havia “peladas” nas quadras existentes num gramado em suas ruas.

Eu mesma, aprendi algumas regras de futebol, jogando com irmãos e primos,

num tabuleiro de preguinhos. Os preguinhos eram os jogadores e uma moedinha,

a bola! Que alegria quando a moedinha entrava na trave! Gollll !

Que tempo bom!!

Lembro que eu e minhas primas, brincávamos de cantar. O microfone era um

cabo de vassoura. E nos achávamos o máximo! Todas respeitosamente sérias, ouvindo

a que estava cantando. Eu era a mais destoada, para minha frustação, porque

acho lindo quem tem o dom do canto.

Hoje, não sei se é devido ao mundo ter ficado perigoso, comparado àquela época,

não vemos mais crianças brincando.

Vejo sim, os parques isolados, silenciosos, sem vida, sem graça,

sem as gostosas gargalhadas das crianças.

Vejo meninas – crianças ainda, usando batom, com unhas pintadas, saias ou shorts

curtíssimos, insinuando uma sensualidade que não condiz com suas idades.

Meninos, em especial aqueles que os pais levam ao culto, com calça comprida, gravata

e paletó. Nada contra os cultos, claro! Mas a maneira como querem fazer crianças de

adultos.

A beleza de uma criança é justamente seu jeito de criança,

sua vestimenta de criança.

Uma menina de vestidinho é lindo e um menino de bermudão, também.

Pode ser que o uso inadequado de aparelhos sofisticados – também usados por crianças,

tenha contribuído para essa realidade atual. Eu, sinceramente, não sei!

Mas, a palavra final, a maneira de educar, orientar uma criança, cabe aos pais,

ou seus responsáveis.

Aprecio criança que pensa como criança,

que fala como criança,

que se veste como criança.

A vida adulta logo chega.

E o que foi deixado para trás, na pressa

por uma realidade ainda por vir – no momento exato,

não voltará jamais!







Natural de Vitória (ES), não se considera uma escritora nem poetisa, no sentido técnico dessas artes. Escreve porque nasceu com esse dom: - o de escrever (à sua maneira) o cotidiano. Aposentada do Serviço Público Estadual - Área da Educação. Segundo ela, "escreve para acalmar seu coração"