Apetite não é paladar. Apego não é amor.

Imagem de capa: Antonio Guillem/shutterstock

O tempero da comida é a fome…

Não será que a privação, o desespero pela saciedade possa mascarar inclusive o gosto da conquista?
Matar a fome é imperativo. Sentir prazer, apreciar a comida, escolher o que mais agrada, aí já outra experiência.

Na urgência de nos apegarmos a alguém, confundimos apetite com paladar. Queremos rápido, correndo, para ontem. E, nessa urgência, achamos que o que estiver disponível servirá. Já com as necessidades imediatas garantidas, então queremos qualidade, personalidade, exclusividade. E não será na bandeja rápida do lanche da esquina que teremos tudo isso.

A fome é urgente. O paladar, escolhe e espera para ter o que deseja. No apego, a carência morre de fome. No amor, a liberdade é o tempero mais forte.

Quanto mais tempo passa, mais a fome aumenta. Mas não é porque ela aumenta, que qualquer coisa vai servir, ou, que se deve comer mais do que a conta. Como nas relações, o apego não pode abocanhar nenhuma individualidade. Mesmo que a fome seja intensa.

Querer tudo e querer depressa já demonstra uma desorganização que certamente irá comprometer qualquer equilíbrio que queira se instalar. Apego que se fantasia de amor é sentimento faminto louco para devorar o outro. E sem restrições, critérios ou culpa.

Se conhecer, entender e aprimorar as preferências. Ir mais fundo no que se aprecia, buscar pares e simpatias. Isso é conhecer o paladar. Para comer e para amar.

Lembre-se de quando estiver com muita fome e acreditar que qualquer coisa será um alívio.

É possível que depois da saciedade, venha uma tremenda indigestão.

Nos encontros da vida, também.







Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.