Aos homens que não aprenderam a nadar

O mar está cheio

Há cardumes de peixe e gente

Há barcos com peso demais

Há mulheres, crianças, jovens e velhos,

Que não conseguem chegar à margem.

 

E os homens que não aprenderam a nadar

Esperam em terra

Com escudos e cassetetes

 

O mar está triste

Seu sal são lágrimas da agonia

De mães e pais que nadaram

Para longe  do caís,

Afogando-se juntos aos seus em alto mar.

 

E os homens que não aprenderam a nadar

Esperam em terra

Com escudos e cassetetes

 

Homens, para que essa proteção?

Do mar, poucos sairão inteiros.

Tantos olhos foram se fechando

Enquanto eram observados pelos peixes entristecidos

Que não lhes podiam doar as nadadeiras.

 

E os homens que não aprenderam a nadar

São comandados

Por quem finaliza acordos e conchavos

Com aqueles que só se interessam

Em ganhar com o fogo do Mundo.







É professora de Língua Portuguesa, mora em Patos, PB e escreve poemas, contos, crônicas…