Amiga, ele era apenas mais um Don Juan

Amiga, se eu pudesse lhe dizer algo, diria que não cabe a você culpa alguma por amar e se entregar com sinceridade. Não cabe a você angustia alguma por confiar. Não cabe a você o peso de entender a mente conturbada de um Don Juan.

Ele disse que te amava, mas agora ele desapareceu e não retorna suas ligações, ele não responde às suas mensagens e não quer mais nada sério, diferente do que dizia há alguns dias. Não, você não errou, ele era apenas um conquistador e você foi mais uma vítima da extensa lista dele.

Don Juan é um personagem literário tido como símbolo da libertinagem. Aconselho, amiga, que você o leia em algum clássico, como Casanova, por exemplo, ou o escute dedilhado em sinfonias como na ópera Don Giovanni de Mozart ou assista ao filme Don Juan DeMarco com Marlon Brando e Johnny Depp. E como a arte imita a vida, você vai perceber que Don Juans existem aos montes e estão por aí andando diariamente entre nós.

A psicanálise os classificou como indivíduos tremendamente sedutores que, quase sempre, exibem uma falsa moralidade para os outros. Eles sentem um imenso prazer e consequente compulsão em conquistar, principalmente se a pessoa em questão lhes parecer difícil ou for comprometida, sendo casada ou freira, por exemplo. Contudo à despeito do tempo despendido na arte da sedução, logo após notarem terem conquistado a mulher desejada, eles partem para outra sem olhar para trás.

Muitas vezes, não é preciso que uma mulher tenha tido um contato íntimo com um Don Juan para ser deixada, basta apenas que ela demonstre em uma mensagem de texto ou em uma conversa que foi conquistada.

Amiga, Don Juans não se colocam no lugar de outras pessoas, eles não sentem remorso pelas tristezas que provocam por onde quer que passem. O amor neles é um sentimento fugaz e passageiro. Don Juans desejam conquistar e só. Segundo pesquisadores americanos, liderados pelos psiquiatras Peter Lee e Michael Smith, os portadores da síndrome de Don Juan possuem um comportamento compulsivo porque possuem carência no cérebro de uma substância chamada feniletilamina, que provoca as sensações de exaltação, alegria e euforia. Então o que você falou, o que você fez ou deixou de fazer pouco importa na razão do relacionamento não ter sido. O seu único azar foi ter cruzado na vida com um homem tão sedutor e dissimulado.

Talvez eu fizesse o mesmo no seu lugar, pois Don Juans parecem príncipes encantados e são quase impossíveis de serem ignorados. Então, não se odeie por isso.

Amiga, eu estou aqui para lhe dizer que é hora de se levantar. De enxugar essas lágrimas e de seguir em frente. Esse homem que te machucou tanto, no fundo é uma pessoa infeliz.

Veja, ele nunca vai conhecer o prazer que existe em estar verdadeiramente junto de alguém. Em compartilhar um mesmo cobertor. Em fazer cafunés assistindo a um filme bobo na tv. Ele nunca vai saber o que é cuidar e ser cuidado. Ele nunca vai entender o que é ir de mãos dadas até a padaria. Ele nunca fará amor com sentimento e carinho. Ele nunca vai ser colo para as lágrimas de alguém. Ele nunca será morada para o amor.

O destino de um Don Juan é quase sempre viver sozinho. Brincando de seduzir. Brincando de dar à sua vida alguma emoção. O nosso destino, o de pessoas normais, que realmente se apaixonam, amam e se entregam é o de seguir em frente, continuar amando e ser muito feliz.

Agora, amiga, dê a volta por cima. Chegou a hora de conhecer o verdadeiro amor!

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Para maiores orientações indico a leitura do artigo A Síndrome de Don Juan







Vanelli Doratioto é especialista em Neurociências e Comportamento. Escritora paulista, amante de museus, livros e pinturas que se deixa encantar facilmente pelo que há de mais genuíno nas pessoas. Ela acredita que palavras são mágicas, que através delas pode trazer pessoas, conceitos e lugares para bem pertinho do coração.